“Quanto vale o seu voto?”, por Delcides Marques

30 de outubro de 2022. Muita energia tem sido despendida e concentrada para esse dia cidadão. É uma ocasião de direito e privilégio, aposta e esperança, confiança e responsabilidade. Está em jogo as vantagens e os desafios da democracia, e é tempo de celebrar a eleição política decidida no voto. Em democracia, são as urnas que determinam os governantes, e como o pleito eleitoral é expressão desse vigor democrático, não há voto que pese mais do que outro. Em sentido quantitativo, todos valem igualmente. Assim sendo, os votos são computados de modo individual: cada voto vale um. Nessa perspectiva estatística, os votos não diferem em termos de classificações econômicas, distinções geracionais, variações de gênero, ou filiações religiosas. Cada voto é um voto, e ponto. 

Mas, ainda que eles valham igualmente, os votos não são iguais. Numa outra perspectiva, conta o grau de investimento, dedicação, influência e fundamentação da escolha. Cada voto tem um peso diferente e espera-se que ele seja expressão de uma consciência política fundada em reflexões, leituras e debates. Mas sabe-se que a decisão nunca é plena e puramente racional, pois passa por outros cruzamentos que envolvem afetos, encontros e experiências pessoais. As histórias de vida de cada eleitor e a heterogeneidade de trocas que o atravessam, fazem-no se identificar com esse ou aquele candidato, ou nenhum deles. Por isso mesmo, as pautas econômicas e morais são tão privilegiadas. O estômago e o coração orientam muito das propostas políticas.

Estamos na reta final dessa corrida eleitoral, e ainda há tempo para cada um avaliar sinceramente a qualidade de seu voto por meio de um questionamento: quais são as procedências, interesses e fundamentações das informações que filtram seu voto? É o tipo de pergunta que pode tirar pessoas das prisões da mentira e do equívoco.

Tivemos muita dificuldade para comprovar cada imagem, afirmação, vídeo e áudio recebido durante esses dias de campanha. Por isso mesmo, proliferaram mentiras sem a menor avaliação. E afinal, dá tempo de furar a bolha! Mesmo que aparentemente seja muito difícil distinguir entre os fatos e as falsas mensagens veiculadas, cada um ainda pode averiguar e testar as origens de algumas notícias. A validade de uma informação, por exemplo, não decorre necessariamente da autoridade ou respeito ao remetente: pastor, patrão, pai, mãe, ou qualquer outra procedência. É sempre importante desconfiar, pois todos podem se enganar e enganar.

Mas a verdade liberta e temos mecanismos para encontrá-la, ainda que muitos de nós se contentou com notas sensacionalistas veiculadas nas redes sociais. Sugiro que você aproveite essa hora final para pegar ao menos uma das notícias mais estrambólicas recebidas sobre o candidato adversário e confira a veracidade. Existem canais confiáveis para checar as informações, por exemplo: Fato ou fake; Coletivo Bereia; Mentiras do Éden; Aos Fatos; Lupa; e WhatsApp do TSE.

Os próximos quatro anos serão decididos pelo aperto nas teclas na urna eletrônica. São segundos que se reverberarão por anos. Vale a pena comprovar os fundamentos de nossas escolhas, pois votar é um privilégio, mas também um compromisso. Por isso mesmo, meu voto é definido pelo respeito às instituições democráticas, possibilidade de me opor ao candidato eleito, valorização da educação e dos livros, superação dos racismos e preconceitos, reconhecimento das pautas minoritárias, respeito à saúde e vacinação da população, humanismo necessário a um governante, investimento em ciência e respeito a Jesus, que não quer ser senhor do Brasil, pois o Reino dele não se confunde com o reino dos homens.

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